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Testificado

  • Foto do escritor: Rodrigo Souza
    Rodrigo Souza
  • 29 de set. de 2020
  • 1 min de leitura

Um poema de 2012.


Deus, escrevo-te não por incapacidade de com a boca dizer o que sinto,

ou por incredulidade na presença constante do teu espírito.

Sei que és presente até quando eu não quero.

Sei que me ouves até quando não digo.

Escrevo-te não por querer gerar um documento que sirva como testamento de que pedi,

e posteriormente fui atendido,

como uma nota fiscal, um recibo.

Escrevo-te não só para que minha oração rabiscada vire obra desejada.

Mas também para que ao ser lida, seja prece duplicada.

E talvez logo atendida.

Deus, escrevo-te não por exibição.

Não para pôr à prova a minha coesão.

Não para tornar pública a minha confissão,

mas escrevo-te clamando por interseção dos que me lêem,

e compaixão dos que me chamam de irmão.

Escrevo-te, meu pai, não por querer uma simples resposta,

não por querer uma resoluta posição.

Mas escrevo-te, meu Deus, muito mais por não saber o que fazer,

depois de tentativas inúteis visando conclusão.

Temo ter falhado miseravelmente na missão como cristão.

Deus, escrevo-te não por ter fé, mas por tê-la perdido.

Sendo este aqui seu último suspiro.

Escrevo-te prolixo, escapando ao objetivo,

mas não por medo do teu silêncio,

mas por temer o teu juízo.

 
 
 

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