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  • Foto do escritorRodrigo Souza

O poema de Adão



Era noite de sol quente

Dia vívido, hora fervente

De perseverar depois de tanto

Cair no engano da serpente


Era dia de lua fria

Era o campo um continente

Da sentença ao desencanto

Eu era filho, hoje parente

Era um deus onipotente

Se escondendo, onipresente

Nos ofertando os sabores

À um explorar inconsequente

Era jardim de tantas flores

Uma delas, um presente

A chamei de minha Eva

A primeira sorridente


Era de tudo bem servido

E sobremodo envolvente

A começar pelo perigo

Da árvore que tudo entende

Era um pai dizer ao filho

"Se contenha, ser vivente

Aquela árvore é perigo

Tens as demais, tu te contentes!"

Era um ser tão intrigante

De um rastejo deslizante

Nos parecia coerente

O que dizia era instigante

“Ora, tudo proves, ser vivente

És recente e ignorante

Se tantos frutos tens aqui

Por que deixar só essa distante?"

Era melhor fingir não ouvir

Fui para Eva reticente

Sua coragem se impôs

Provou do fruto sapiente


Era um rosto atraente

Enquanto o gosto, envolvente

E diferente do escrito

Eu não era inocente

Eva levando toda culpa

Me sinto assim um decadente

A verdade é que provei

Mais de uma vez o fruto ardente

Era aquela a quinta vez

Comi bem antes que o descrito

Quem simulou voz de serpente

Fui eu, Adão, que os suplico

Esqueçam o conto do jardim

Ele não deve ser entendido

Como história de se crer

Mas um poema mal escrito

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