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Estranha!

Foto do escritor: Rodrigo SouzaRodrigo Souza


Dei um gole

Tava quente

Quente não

Tava fria

Não gelada

O copo suado

as bolhas tímidas

demais estavam

Tava ruim


Gostei não mas bebi

Bebi quase até o fim

Por pouco não lembrei de ti

Daí sorri e te ofereci

O fio penoso que caiu

Da lata de cerveja

era orvalho bem finin

com gostinho de tristeza


Entornei com perícia

pra nada ser desperdiçado

Todas, todas as gotículas

apanhei como um sedento desesperado

Renderam um pouco menos que um dedo

Os lábios abrindo

o olhar vidrado

Mas bem pouco antes

daquele gole racionado

dediquei a ti

Levantei a ti

o puro malte estimado

Disse baixinho, embargado:


Um brinde ao nosso amor

Um amor desencontrado!


Você riu

em outro ponto

Na sua casa

ou num encontro

Nesta cidade

em que é comum contar

o resumo de um ponto

o povo sempre parece pronto

pra fazer nascer do pouco relato

um nem sempre belo e imenso conto


A Manaus fofoqueira

logo viu que brindei só

Te imaginei sorrindo

Na garganta deu um nó


Tua boca imagino

O que faz o desatar

Tu nem sabia onde eu estava

e nem pensaste em procurar


Mas eu sozinho ali fiquei

Como nunca soube estar

Nunca antes assim andei

Pra melhor me acompanhar


O lugar tava tão cheio

tão quente

Quente com calor

e cheiro de gente

Te procurei até

Por três vezes eu te achei

Nem tudo que parece é

Bem aí desencantei

Na verdade, ali-ninguém

Em nada lembra o teu rosto

O que dirá todo teu corpo

que nunca sei por onde está


Se na José Clemente ando,

ali vou te procurar

Se na Getúlio passo

vou onde vagas pra te achar

Num botequim sem muito espaço

Praça 14 - no Ceará

Foges de mim bem mais que rápido

Nem a Constantino pra parar


Por quem será?

Que teu rosto se molha de tanto chorar

Por quem sorri?

Que as maçãs se projetam tanto assim

Por quem emudece?

Que tuas olheiras ensombrecem

Por quem teu sono é tão ruim?


Estranha!

Me é estranho tu ainda ser estranha

E viver como criminosa

tão distante

e numa fuga tamanha


Vou brindar a tua ausência

Quantas vezes for preciso

Até o dia em que estiveres

Sentada estranha aqui comigo



Colaboração do artista: Antonio Felipe

 
 
 

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