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Foto do escritorRodrigo Souza

A Parábola da Nave



É normal viver sem notar que existe um tipo de nave espacial gigante maior que a do Independence Day pairando sobre nossas cabeças. Ela faz sombra. Ela emite som. Emite luz que encandeia. Ela muda as migrações dos animais no inverno. Ela causa interrupções nos sistemas de comunicação. Mas é até normal não perceber que o tempo inteiro ela está ali.

Você pode ser alguém bastante esclarecido. Você pode ser bastante espiritualizado. Você pode ler em outras línguas e falar em outras línguas, até as estranhas, as angelicais. Que ainda assim, é possível que você não a veja, não escute, não sinta.

Pode ser até que você saiba que ela está lá, pairando no azul, no azul da cor do mar, ou zunindo forte como um escapamento de um Diplomata 81. Mas é tão surreal que você decide fingir que não sente nem vê. Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo. Ela está aí, sim.

Ela se chama: opressão. Ela, apesar de, talvez, não te atingir diretamente, mas a sombra dela encobre o sol e isso pode até produzir sombra para ti e tua casa, mas faz com que a semente enterrada no vaso da tua janela não vingue.

Por cegueira, ou negação, se tu não a vês, não quer dizer que lá ela não está.

Se tu a vês, mas vive como se ela não estivesse estacionada no céu que tu miras clamando a Deus, você é o combustível dela.

A opressão, apesar de pairar no ar, ela fustiga na alma e no corpo. E como veículo e combustível só são dissociados até o abastecimento, em breve o som de escapamento igual ao do Diplomata 81 estará mais alto e expelindo a tua existência. Tu serás só fumaça.

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